domingo, 19 de agosto de 2012

Patrícia Kogut : 'Malhação' busca reinvenção e não abandona origens





Há uma corrente que defende que o público adolescente assiste a “Malhação”, cresce e cede a cadeira para os novos adolescentes que vão chegando. Por isso, os conflitos retratados pela novela juvenil — cuja 20ª temporada estreou essa semana — são mais ou menos os mesmos desde 1995, quando a Globo lançou o programa. São rivalidades, situações de sala de aula, medos, amizade, amores, conflitos, insegurança, bullying, enfim, tudo aquilo que todo mundo atravessa no caminho para a vida adulta.

Por isso, a estreia da nova temporada não inventa a pólvora e até reinventa a roda, o que, no caso de “Malhação”, não é demérito. Personagem dos primórdios, Mocotó (André Marques) está de volta numa participação especial. O ator, agora um adulto, interpreta um falso orientador educacional. Sua simples presença ali, passados os anos, é a expressão concreta dessa conexão do programa com antigas tramas. Antigas, mas não anacrônicas. Pelo contrário, elas são atemporais: a balbúrdia da sala de aula, o menino implicante, a bonitona inatingível que não dá bola para ninguém, o desinibido que consegue se aproximar dela etc. São muitos os enredos eternos que envolvem o mundo cheio de espinhas. Um dia houve alguém ali com o apelido engraçado de Mocotó. Hoje, há um Orelha (David Lucas). São personagens arquetípicos. As interferências da atualidade acabam tendo efeito mais cosmético mesmo que movimentem a trama. Um exemplo é o fato de Orelha filmar tudo na escola. Meninos espionando meninas é algo que sempre existiu. O desafio para “Malhação” — seus roteiristas e diretores — está em evitar pisar fora dessas tramas reais sob pena de não obter a empatia dos adolescentes. Não é à toa que na atual equipe de redatores há pelo menos dois roteiristas que participaram, lá atrás, da criação do programa: Ana Maria Moretzsohn e Charles Peixoto. Do novo elenco, nos primeiros capítulos, destacaram-se Alice Wegmann, Elisa Pinheiro, Leonardo Miggiorin, Maria Paula e Juliana Paiva. A novela está ensolarada, com muitas sequências externas e cenários alegres, embora eles não tenham escapado dos clichês (quartos de adolescentes que mais parecem um showroom da Tok & Stock). É a velha equação: “Malhação” precisa mudar, mas sem perder a identidade. Faz isso há muitos anos.

Critica feita por Patricia Kogut, postado no próprio site dela

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