sexta-feira, 20 de julho de 2012

Longe dos áureos tempos, 'Malhação' sobrevive como celeiro de talentos da Globo



Mais uma temporada de 'Malhação' terá início em agosto. A vigésima. Já perdemos as contas de quantos triângulos amorosos assistimos, traições, vilanias, festas nas quais acontecem as histórias mais loucas, viagens nas férias, preconceito, traumas motivados pela separação dos pais, inveja, amizades eternas destruídas por mal-entendidos e tantas outras tramas que, desde 1995, se repetem em nossas telinhas no horário vespertino.

A série se chama 'Malhação' porque, no início, se passava em uma academia. Depois disso, o cenário principal já foi uma escola, também existiu um shopping e uma faculdade. Nessa temporada que está para acabar, toda a trama se concentra em um colégio, uma universidade e uma favela. A questão é: já faz algum tempo que as mudanças de ambientação em 'Malhação' não têm surtido tanto efeito no que diz respeito à renovação das histórias contadas.

'Malhação' não perdeu nada em qualidade de produção nesses 17 anos de existência. Muito pelo contrário, tudo ali funciona muito bem tecnicamente. O que ficou para trás foi a emoção. Parece que a cada ano a Rede Globo escala um novo elenco para aprender e aperfeiçoar os seus dotes artísticos dentro da "escolinha" na qual, literalmente, 'Malhação' se transformou. Foi-se o tempo em que o programa era interessante para os jovens, mas também atendia aos pais, aos avós ou a qualquer pessoa interessada em histórias bem contadas. O problema não é necessariamente a repetição de temas, porque isso acontece em teledramaturgia o tempo todo, mas, devido ao desgaste natural, as tramas acabaram se tornando rasas, maniqueístas e, por vezes, bobas.

Montagem da foto: Giovani Souza

Depois de amargar baixíssimos índices de audiência nos últimos meses, chegando a 11 pontos de média, os piores da história da série, a cúpula da Globo resolveu voltar ao passado e tentar resgatar a essência de 'Malhação'. A partir do dia 13 de agosto, a novelinha volta a se passar somente em um colégio e o universo teen  retorna ao foco, com intrigas, humor e "fórmula infalível" do triângulo amoroso. Além disso, a cada 15 dias um novo personagem surgirá para sacudir a história. Até Mocotó (André Marques), que esteve na série de 1995 a 1999, reaparecerá como orientador vocacional. Talvez esteja aí a solução. 

Quem sabe assim voltem os tempos de Romão (Luigi Baricelli) e Dado (Cláudio Heinrich) na academia, de Mocotó (André Marques) e Fábio (Bruno de Lucca) na pegada interativa, de Múltipla Escolha, Professor Pasqualete (Nuno Leal Maia), Dona Vilma (Bia Montez), Guacamole, Vagabanda, da dupla Cabeção (Sérgio Hondjakoff) e Rafa (Ícaro Silva), república dos estudantes... Tempos nos quais os personagens marcavam os espectadores e que estar em 'Malhação' não era só uma escada para entrar em outras produções da emissora, como podem comprovar os atores Sérgio Hondjakoff, Ícaro Silva e o próprio André Marques, que, com seus personagens icônicos, permaneceram durante alguns anos na série, nos motivavam a assistí-la diariamente e marcaram as nossas memórias.  

É maravilhoso revelar talentos e mostrar quantos jovens e bons atores, como Cauã Reymond, Henri Castelli, Marjorie Estiano, Nathália Dill, Caio Castro, entre tantos outros, estão chegando, mas nós, os espectadores, precisamos de tardes mais prazerosas em frente à TV. Que essa 20ª temporada de 'Malhação' venha para nos emocionar um pouco mais.

Fonte:  Jornal do Brasil, por Heloisa Tolipan


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